Theodore podia até ter ficado extremamente empolgado ao ver seu retrato forjado a ouro em uma das mesas presentes no quartel dos obliviadores, afinal era tudo que ele sonhara a vida inteira, desde que passou a se interessar por magias que afetassem de alguma forma a mente, isso se tornou latente em meados de seu terceiro ano, em Hogwarts, quando foi reconhecido pela impecável execução do feitiço confundus. Entretanto, sua animação cessara ao longo dos dias em que passara enfurnado naquela sala, na grande maioria das vezes sozinho, preenchendo papeladas e fazendo café, função digna de um estagiário. Um obliviador basicamente é um profissional que vai a campo para apagar a memória de algum não-maj, que teve alguma experiência com a magia, de certa forma, equipes que atuam em acidentes e catástrofes mágicas no mundo trouxa sempre levam um ou mais obliviador em seu time, dependendo do índice de exposição, nesta perspectiva este mesmo profissional pode ser solicitado por outros departamentos e deve estar preparado para servir o setor quatro, quando uma criatura resolve fazer um tour nas ruelas de uma cidade, ou até mesmo seguir o pique de um auror, por exemplo.

O fato era que o chefe de seu departamento tinha pouquíssima confiança no rapaz, a não dizer nenhuma, aos olhos de August Trumbell, Carpenter, assim como ele chamava ressaltando sua paternidade mundana, era um adolescente imaturo,  criado por um trouxa que tinha sorte de ter se dado tão bem nos NOM’s e NIEM’s, mas que não daria conta do mundo real; sendo assim, o recém empregado passava o dia revisando e arquivando os relatórios, os quais continham informações detalhadas das aventuras de seus colegas de trabalho, a magia de memória era um feitiço delicado que, indubitavelmente, causava um efeito e percepção adversa no mundo, registrar as memórias antigas que foram apagadas ou a forma em que foram modificadas, era imprescindível.

Naquela tarde, Lanes encontrava-se absorto em seus pensamentos imaginando como bem-sucedido era Leroy Fischer, obliviador que a poucos dias atrás havia feito a proeza de tornar a histeria coletiva de um pequeno vilarejo da Ucrânia assolada por um dragão, barriga-de-ferro, em um acidente causado por um vazamento de gás natural. Agora, por volta de duas mil e trezentas pessoas tinha a plena certeza de que o corpo de bombeiros em chamas, se dera pelo contato do gás subterrâneo com o ar. Concluiu a ficha anexando a imagem real e em movimento do ocorrido e outra imagem, que recriava a nova percepção do ocorrido na visão dos muggles.

Envelopou o documento e lhe conjurou asas, assim escampando ardilosamente porta fora, rumo a sala de arquivos do setor três. Ampliada magicamente, era ampla com incontáveis escaninhos altíssimos, com doze gavetas de profundidade extensa, referentes aos meses do ano, já que cada escaninho guardava a documentação anual desde a fundação do setor. Theodore imaginava quando teria relatos históricos, como aquele, registrados em seu nome que ficariam de recordação para toda uma eternidade.