“Inteligente e com um futuro brilhante”, foi a última frase que a professora Eleonor Frass de Beauxbatons, disse a jovem Robyn, no último dia da garota na instituição, pouco antes de se despedir.

Essa fala naquele instante a alegrou em demasia, como um desejo lhe ofertado por uma grande bruxa, alguém que admirava e em quem buscava inspiração. Naquele momento, estas palavras haviam ressoado em seus ouvidos como um singelo elogio, que com o longo do tempo, foi se tornando em realidade.

Desde os seus primeiros anos como feiticeira, na não distante ainda infância, seu talento excepcional foram deram-lhe frutos por ela muito desejados, como destaque em sua vida acadêmica na maior escola de bruxaria do mundo, em eventos e até mesmo em sua curta caminhada como praticante de quadribol. Lembrara-se agora desta frase, analisando sua vida, imaginando se teria tido sucesso em qualquer outra função que escolhesse para si. Talvez como uma ministerial em um departamento importante. Coisa que muitos já anteciparam para ela imageticamente ainda na infância. Uma jornalista quem sabe, pois, como poucas era dona de uma aguçada intuição, quiçá uma Ministra da Magia, para a alegria e euforia de seus familiares, todos envolvidos em algum braço do Ministério.

Porém, os destinos de cada indivíduo é um entrelace de cordas indissociáveis pelos olhos terrenos, e assim sendo, apenas o tempo poderia definir a ela qual o destino brilhante que lhe pertencia. De modo que, este se revelou a ela na forma de uma grande paixão de infância, a emoção. Encarnada na vocação a qual se viu lançada. Conseguiu uma vaga no Departamento de Execução das Leis da Magia Francês, em seu principal escalão, os Aurores Investigadores. Como uma, teria todas as emoções com as quais sonhou, sentindo-se livre para viver uma vida sem rédeas ou mesmo buscar transpor os limites do seu potencial como bruxa, algo pouco provável de se alcançar em centenas de outras carreiras. Naquela manhã, seria seu primeiro dia, e, com certeza, estava nervosa. Vestiu uma calça de tecido fino que se ajustava a suas pernas, pensando em não usar nada extravagante para não desviar a atenção dos que tivessem de notá-la. Não que se superestimasse, mas sabia que era bela, muito bela, e que isto em muitos momentos cegavam os olhos alheios as suas capacidades. O que era detestável. Uma blusa cor de vinho de botões, e um sobretudo longo, também de cor negra da calça. Um visual sólido, elegante, para um primeiro dia de trabalho, mas incapaz de esconder a beleza da jovem loira de pele branca.

Por ainda estar um tanto confusa com suas emoções, acabou por tomar o caminho errado, o que resultou em um atraso não muito grande, que, no entanto lhe rendeu uma pequena advertência de seu superior, ao qual deveria se reportar no Ministério. E que ainda poderia piorar, uma vez que seria apresentada a seu novo parceiro, ou melhor, primeiro, um veterano não muito conhecido pela simpatia. Atrasar-se logo de cara não parecia a melhor primeira impressão a se causar. Sem delongas, acompanhando seu superior, seguiram para um conjunto em um local não muito distante dali, onde um encontro com seu comandante já havia sido marcado, na sala de investigações. De longe pode notar um homem grande, de feições fortes, igualmente suaves, aparentando ser bem mais velho que ela, e de olhar desinteressado aos que por ali passavam. E se admirou ao ouvir Foucault era cumprimentada, e retribuía para o indivíduo, que era ninguém menos que seu chefe, com quem trabalharia a partir dali.

Fora apresentada, mas nada disse, assim como nada ouviu, exceto por um sorriso amigável. Esperou o responsável se retirar para então começar um diálogo, notando que o mesmo deixara um envelope amarelo com o companheiro, segundo ele, sua próxima missão, sua primeira. Não sabia bem como se apresentar, ficando mergulhada em um silêncio longo, enquanto os papéis eram lidos pelo colega. Até ele mesmo quebrá-lo a cumprimentando. — É um prazer conhecê-lo Sr. Livius... Já ouvi falar que é um dos melhores entre os aurores, fico feliz em estar com alguém assim. — Disse em tom cordial, mas claramente desconfortável, tímida. Recebeu um sorriso, e apanhou com as mãos o envelope que ele a ofereceu, era sua subordinada, e agora não estava mais em treinamento, chegara a hora de pôr em prova tudo que aprendera, e botar em cheque as expectativas que sempre abarcou por todos. Ignorando seu parceiro por alguns segundos, viu sua timidez desaparecer, à medida que ia vendo os dados nos papeis, que revelavam a dificuldade de seu primeiro encargo como Auror.

— Não estou gostando disso… Tantos desaparecimentos assim… É só um palpite de iniciante… — Falou com uma voz um pouco mais grave enquanto lia.  —… Mas isso não me parece que vai ser um “primeiro caso fácil”. — Calou-se enquanto ouvia atenta ao que dizia o auror comandante, ele era um homem aparentemente sério, não como um burocrático, no entanto, entregue ao que fazia, e pela experiência que possuía, era alguém que ela deveria respeitar.

— Entendo o que diz! Percebeu este padrão na idade das vítimas? — Buscou atentá-lo para o que percebeu, algo que poderia ser sua primeira pista sobre o mistério. — Nada as relaciona e verdade, exceto um ponto em específico, suas idades… — Ela tomou os papéis de volta, e os expôs com uma organização diferente em suas mãos, para ilustrar o que dizia. — … Veja, a uma escala, do maior para o menor, um ciclo de desaparecimentos onde a primeira vítima era uma mulher de trinta anos, depois a segunda vítima possuía vinte e quatro a quarta dezessete, por diante… Quando um desaparecido tem idade maior que o penúltimo, começa uma nova recontagem… Isto diz algo para o senhor. Irei a fundo nisso chefe - O homem a instrui a procurar evidências, se despedindo logo em seguida, enquanto a jovem Robyn lia todos aqueles papéis recontando, tudo novamente . Após horas de leitura resolveu ir a campo, pegou suas coisas e saiu da sala.